segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Acessibilidade: uma urgência que vai além da empatia

         Costumo dizer que só conseguimos compreender verdadeiramente a dimensão de certos desafios quando os vivemos na pele — ou, ao menos, quando nos esforçamos para nos colocar no lugar do outro com empatia e responsabilidade. Recentemente, ao precisar usar uma cadeira de rodas devido a uma limitação física temporária, fui novamente confrontada com uma realidade dura e inaceitável: a falta de acessibilidade para pessoas com deficiência no Brasil. E digo “novamente” porque esta não foi a primeira vez que enfrentei essa situação — mas certamente foi a mais intensa, após a necessidade de uma cirurgia, conforme disse na postagem https://www.blogger.com/blog/post/edit/3417282759616065281/2958213591795721193:

Em 2011, morei em um sobrado completamente inacessível. Embora na época não tenha precisado de cirurgia, apenas o fato de não poder apoiar o pé no chão já tornava a locomoção um desafio diário. A cadeira de rodas sequer podia ser usada no ambiente, e as muletas, apesar de úteis, eram insuficientes. Subir ou descer escadas se tornava praticamente impossível — uma barreira real que, para muitas pessoas, é permanente.

Agora, em 2025, embora eu viva hoje em um sobrado com melhor estrutura, ainda assim há obstáculos. Tive o cuidado de adaptar alguns espaços: uma sala de TV que pode ser transformada em quarto, portas largas, banheiro acessível. Mas ainda faltam rampas e um elevador — melhorias que demandam um tempo, mas serão necessárias.

Mas o que dizer de quem não tem sequer essas opções? O que dizer de quem depende exclusivamente do espaço público para exercer seu direito básico de ir e vir?

As calçadas continuam hostis a quem se locomove com auxílio de cadeira de rodas, muletas ou qualquer outro recurso de acessibilidade. Degraus, desníveis, ausência de rampas e de sinalização tátil são apenas alguns dos obstáculos enfrentados diariamente por milhões de brasileiros com deficiência.

Não podemos mais tratar a acessibilidade como um "favor" ou um diferencial. Trata-se de um direito assegurado pela legislação brasileira e por tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário. Mais do que isso: acessibilidade é uma questão de justiça social e de humanidade.

Por isso, minha bandeira em defesa dos direitos das pessoas com deficiência está mais firme do que nunca. Porque acessibilidade não é luxo, não é mimo — é dignidade. E dignidade é inegociável.

Até a próxima!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Acessibilidade: uma urgência que vai além da empatia

          Costumo dizer que só conseguimos compreender verdadeiramente a dimensão de certos desafios quando os vivemos na pele — ou, ao meno...