Costumo dizer que só conseguimos compreender verdadeiramente a dimensão de certos desafios quando os vivemos na pele — ou, ao menos, quando nos esforçamos para nos colocar no lugar do outro com empatia e responsabilidade. Recentemente, ao precisar usar uma cadeira de rodas devido a uma limitação física temporária, fui novamente confrontada com uma realidade dura e inaceitável: a falta de acessibilidade para pessoas com deficiência no Brasil. E digo “novamente” porque esta não foi a primeira vez que enfrentei essa situação — mas certamente foi a mais intensa, após a necessidade de uma cirurgia, conforme disse na postagem https://www.blogger.com/blog/post/edit/3417282759616065281/2958213591795721193:
Em 2011, morei em um sobrado
completamente inacessível. Embora na época não tenha precisado de cirurgia, apenas
o fato de não poder apoiar o pé no chão já tornava a locomoção um desafio
diário. A cadeira de rodas sequer podia ser usada no ambiente, e as muletas,
apesar de úteis, eram insuficientes. Subir ou descer escadas se tornava
praticamente impossível — uma barreira real que, para muitas pessoas, é
permanente.
Agora, em 2025, embora eu viva
hoje em um sobrado com melhor estrutura, ainda assim há obstáculos. Tive o
cuidado de adaptar alguns espaços: uma sala de TV que pode ser transformada em
quarto, portas largas, banheiro acessível. Mas ainda faltam rampas e um
elevador — melhorias que demandam um tempo, mas serão necessárias.
Mas o que dizer de quem não tem
sequer essas opções? O que dizer de quem depende exclusivamente do espaço
público para exercer seu direito básico de ir e vir?
As calçadas continuam hostis a
quem se locomove com auxílio de cadeira de rodas, muletas ou qualquer outro
recurso de acessibilidade. Degraus, desníveis, ausência de rampas e de
sinalização tátil são apenas alguns dos obstáculos enfrentados diariamente por
milhões de brasileiros com deficiência.
Não podemos mais tratar a
acessibilidade como um "favor" ou um diferencial. Trata-se de um
direito assegurado pela legislação brasileira e por tratados internacionais dos
quais o Brasil é signatário. Mais do que isso: acessibilidade é uma questão de
justiça social e de humanidade.
Por isso, minha bandeira em
defesa dos direitos das pessoas com deficiência está mais firme do que nunca.
Porque acessibilidade não é luxo, não é mimo — é dignidade. E dignidade é
inegociável.
Até a próxima!
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